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sexta-feira, 6 de julho de 2012

2012A VIDA DO CANGACEIRO JESUINO BRILHANTE Publicado por Luiz Berto em REPENTES, MOTES E GLOSAS - Pedro Fernando Malta Cantiga do Jesuíno – Terezinha do Acordeon: Um folheto de Gonçalo Ferreira da Silva JESUÍNO BRILHANTE – BRAÇO AVANÇADO DA JUSTIÇA A vida de Jesuíno apresenta-se humana depois que saiu perfeita ao cabo de uma semana do prodigioso bico da pena gonçaliana. Para dar fidelidade ao cuidadoso relato da produção deste texto sou imensamente grato à Aglae, Mestre Cascudo e a Raimundo Nonato. Ao longo da narrativa por natureza empolgante em razão do nosso estilo envolvente e fascinante veremos parte da vida de Jesuíno Brilhante. De posse de dados tais o meu nervoso sistema repousou como tocado por inspiração suprema e ao cair do crepúsculo estava pronto o poema. Ao longo da narrativa minha região vivia a saudade evanescente dos tempos idos sentia e a sensação de nordeste me fazia companhia. Eu tenho quase certeza que o próprio Jesuíno sentia o mesmo que sinto quando fatal desatino mudou-lhe as regras do jogo, modificou seu destino. No sítio Tuiuiú de Patu bem afastado então Vila Potiguá foi nascido e batizado o menino Jesuíno Alves de Melo Calado. Cresceu sempre demonstrando ter apurado juízo, empunhando a baladeira tinha arremesso preciso e no rosto iluminado um permanente sorriso. Evidenciava forte sentido de liderança espírito aglutinador talvez ancestral herança qualidades reveladas desde os tempos de criança. Tornou-se assim Jesuíno por todos muito querido e em todo o Rio Grande do Norte reconhecido e nos locais que chegava festivamente aplaudido. Famoso por proteger famílias abandonadas, pobres velhos indefesos, viúvas desamparadas, crianças desprotegidas e donzelas ultrajadas. Quando na rua da amargura um sujeitinho galante deixava uma pobre jovem seu pai no seguinte instante levava ao conhecimento de Jesuíno Brilhante. Pelo fundilho das calças Jesuíno prontamente levava o engraçadinho e dizia sorridente: _Chamem um padre e os casem enquanto eu estou presente. Assim Jesuíno tinha de todos a simpatia, pregava a fraternidade distribuía alegria trocava abraços fraternos em toda parte que ia. Foi Jesuíno Brilhante acolhedor e distinto respeitador dos princípios pela nobreza do instinto amava os dez mandamentos e só transgrediu o quinto. O cangaceiro romântico foi-lhe nome apropriado mesmo tendo sido apenas mais um grande predicado dos muitos que conquistou o nosso biografado. Tinha aversão a ladrão por roubar a coisa alheia e achava a ladroagem uma atitude tão feia que o lugar de ladrão para ele era a cadeia. Vamos porém aos motivos que fez esse brasileiro tão solidário com o mundo tão fraterno e tão ordeiro abraçar a perigosa carreira de cangaceiro. Raimundo Nonato informa que houve uma diferença dos Limões com Jesuíno com muita troca de ofensa que acabou finalmente numa grande desavença. A família dos Limões não era de tolerar insulto de rico ou pobre muito menos de levar desaforo ou ódio para o aconchego do lar. Conhecidos como negros por todo o grande sertão os Limões eram tratados com tal discriminação é tanto que o repentista chamavam “Preto Limão”. Já os Limões como aquele autor de muitos martelos subestimavam os Brilhantes chamando-os de amarelos desclassificação que provocou muitos duelos. O furto de uma cabra que pertencia aos Brilhantes alimentou mais o ódio que já existia antes e os confrontos mortais também muito mais constantes. Jesuíno e os irmãos empreenderam a procura ao caprino que sumiu e o acharam em certa altura na panela dos Limões já na primeira fervura. Depois de uma enxurrada de palavrões nordestinos deu Jesuíno uma surra oportuna no meninos e a recomendação de não roubar seus caprinos. Não houve perdas humanas, não calou nenhuma voz, nem Jesuíno Brilhante se transformou num algoz mas o ódio entre as famílias ficou muito mais feroz. E Jesuíno Brilhante continuou seu destino de protetor da pobreza e em qualquer desatino causado por valentões davam parte a Jesuíno. Depois que formou o grupo por reiteradas vezes disse para seus capangas: _Vamos pedir aos fregueses donos de propriedades que nos arranjem umas reses. Abatia um boi de corte cuja carne dividia com os moradores pobres que na vizinhança havia, o que sobrava salgava nos matulões conduzia. Jesuíno era de fato um líder por excelência e o grupo lhe rendia a mais cega obediência pelas provas demonstradas de soberba competência. Gustavo Barroso informa em matéria colossal ataque de Jesuíno à cadeia de Pombal na Paraíba causando inquietação geral. No ano mil oitocentos e setenta e quatro, presos alguns capangas ficaram completamente indefesos mas se evadiram dois anos depois totalmente ilesos. Numa operação brilhante de Jesuíno Brilhante libertou quem estava preso naquela ação fulminante que exigiu o concurso duma cabeça pensante. O primeiro assassinato que praticou Jesuíno e que mudaria o curso natural do seu destino foi vingando o seu irmão não por instinto assassino. O grupo de Jesuíno sou muito franco em dizer era pequeno mas certo do que devia fazer daqueles que matam ou morrem pois nada tem a perder. Eram oito os componentes do seu primeiro escalão Manuel Tal, o Cachimbo, Canabrava, homem de ação Monteiro, Manoel Lucas, João Alves o seu irmão. Manoel Lucas de Melo por Pintadinho tratado, o duro Raimundo Ângelo por Latada apelidado era por tais elementos que o grupo era formado. Este grupo impregnado de furor descomunal, tendo o senso de justiça como fator principal arrebentou as paredes da cadeia de Pombal. Raimundo Nonato afirma e chega a jurar até que Jesuíno Brilhante nosso cangaceiro é de mil oitocentos e quarenta e quatro e dá fé. Já mil oitocentos e quarenta e três em a vida de Jesuíno Brilhante por Nonato é desmentida por ser data discordante daquela aqui referida. Testemunhada por rica e silenciosa estante que nos mostrou solidária cada conturbado instante da vida e das aventuras de Jesuíno Brilhante. O pai, João Alves de Melo estimado no local rico latifundiário tinha domínio total como líder militante do partido liberal. A mãe Dona Alexandrina era uma mulher prendada às responsabilidades da casa compenetrada e aos cuidados dos filhos verdadeira devotada. Teve o casal cinco filhos constituídos assim: quatro homens e uma moça e Lucas nasceu no fim os demais, além de Lúcia João, Jesuíno e Joaquim. Cresceram juntos, alegres e extremamente felizes nas escolas patuenses sem desvios, sem deslizes juntos com outras centenas de pequenos aprendizes. Sem qualquer falso elogio mas verdade cristalina Jesuíno era brilhante e ainda teve a boa sina de, adulto, se casar com Maria Carolina. Até mil e oitocentos e setenta a figura de Jesuíno Brilhante era de boa criatura sem qualquer necessidade de exibir sua bravura. Do seu feliz casamento com Maria Carolina a primeira Filomena extremamente ladina depois Francisca, João e por fim Alexandrina. Era Jesuíno, o homem de grande amabilidade cativante e envolvente com muita facilidade criava em torno de si grande círculo de amizade. No entanto o episódio de fato surpreendente ocorreu quando Brilhante foi propositadamente soltar em Pombal um preso que ele achava inocente. Depois de viajar muito em terrível lamaçal pois o tempo era chuvoso do sertão à capital chegou Jesuíno à noite à cidade de Pombal. Num silêncio conferido ao ardiloso felino Brilhante entrou na cadeia e de modo repentino chocou-se com um sujeito supostamente assassino. N’uma luta suicida mas sem emissão de voz os dois homens se agarraram numa decisão feroz os dois sem arma nenhuma escravizada no cós. Brilhante em dado momento pensou: _Decretei meu fim este homem ao que parece é superior a mim nem eu que sou ambidestro não sou tão perfeito assim. Continuando na mesma linha de raciocínio: _Golpes certeiros assim só davam finado Ermínio, o meu querido irmão Lucas e o falecido Virgínio. Em plena luta ele teve a brilhante inspiração de gritar: _Caro irmão Lucas e na mesma ocasião viu que o lutador feroz era Lucas seu irmão. Os dois emocionados depois de um longo abraço Jesuíno disse a Lucas faça do jeito que eu faço lute da forma que eu luto mas não entre no cangaço. Outro episódio que ainda nos causa admiração ocorreu com Jesuíno da noite na escuridão: uma cobra cascavel se aninhou no seu calção. Ele ficou nove horas sem ter como se mexer Jesuíno dessa vez só escapou de morrer porque a mortal serpente não se lembrou de morder. Dormiu no pé da barriga como quem está num tronco ou como quem sente o clima do início do outono ao cabo de nove horas foi que despertou do sono. Deslizou suavemente ganhando o mato fechado e deixando o coração do bandido aliviado e o corpo entorpecido de tanto tempo parado. O fim da vida do grande bandoleiro Jesuíno o cangaceiro romântico se deu pelo assassino Preto Limão, um sujeito cruel, audaz e ferino. O ano mil setecentos e setenta e nove ia nos últimos dias de dezembro e Jesuíno saía da casa de pedra onde por tempos permanecia. Entre Caraúbas e Campo Grande no lugar chamado de Santo Antonio foi Jesuíno enfrentar peito a peito o inimigo para morrer ou matar. Encomendara uma sela a conhecido seleiro este no dia de entrega fingindo-se cavalheiro inventou um artifício vil e muito traiçoeiro. Numa demora estudada pormenorizadamente não trouxe a sela esperando o tempo suficiente a que os Limões chegassem de modo surpreendente. O ataque aconteceu de modo tão fulminante cem tempo que permitisse a Jesuíno Brilhante esboçar qualquer defesa morrendo no mesmo instante. Jesuíno foi cumprir espiritual destino porém até nossos dias todo o sertão nordestino tem grata recordação do seu herói Jesuíno.

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